sexta-feira, 14 de julho de 2017

O Corredor Vermelho na Índia

Em 1967 uma grande insurreição de operários e camponeses da região de Naxalbari (e por isso que os revolucionários maoístas indianos são denominados naxalitas) se levantava contra a opressão feudal e as castas nobres e aristocráticas da região.

Empunhando armas rudimentares - paus, foices e facões - se levantaram contra o Estado indiano, que respondeu com uma repressão atroz que custou milhares de vidas e arrasou povoados e vilarejos inteiros, cujos habitantes tiveram que fugir ou se esconder nas florestas próximas.

Desde então, a influência da insurreição tem sido crescente, até a condição atual onde dominam um largo corredor – conhecido como “Corredor Vermelho” – que se estende por mais de 60 distritos, desde as fronteiras do norte do Himalaya com o Nepal, passando pela costa ocidental do Estado de Karnataka, até o mar da Arábia.

Nas zonas libertas sob o controle dos naxalitas, os governos populares locais se orientam e se guiam pelo princípio de conseguir o bem-estar da população, combatendo a miséria, o atraso e a opressão que historicamente sofrem as comunidades locais submetidas ao domínio das castas superiores, às antigas nobrezas feudais agora convertidas nas novas classes dos senhores de terras e que controlam os governos regionais indianos.

Os naxalitas promovem a construção de hospitais; a prestação de serviços médicos para as aldeias mais remotas, mediante o método inspirado na revolução chinesa dos “médicos descalços”; a alfabetização em condições de igualdade para meninos e meninas; o fomento da organização popular e a participação democrática do povo na vida política através dos bairros, distritos e aldeias; bem como a organização de serviços de seguridade pública e reforma agrária.

Nos últimos anos, soma-se uma conscientização das massas sobre as questões relacionadas à preservação do meio ambiente, dos recursos naturais e agrícolas das florestas, que estão sendo literalmente dizimados por inúmeras concessões que os governos locais e regionais – em troca de gordas comissões e propinas – estão concedendo aos monopólios imperialistas para a exploração mineral do subsolo indiano, repleto de riquezas naturais.

A situação atual que atravessa a Índia vai muito além das imagens e análises que vemos diariamente em torno da capacidade do país em converter-se em potência mundial. O descontentamento popular em torno do sistema sócio-político existente, qualificada como “a democracia mais populosa do mundo”, vem aumentando. O desenvolvimento desigual na Índia também está contribuindo para que as pautas dos naxalitas encontrem cada vez mais eco entre os diferentes setores da sociedade. Assim, aumenta sua influência entre os críticos do sistema de castas, que caracteriza o semifeudalismo que impera em zonas rurais da Índia; os camponeses castigados pelo processo de privatização da terra promovido pela economia globalizada; e as massas de pessoas desalojadas pelos macro projetos desenvolvimentistas, incluso partes das classes médias, cada vez mais deslocadas dos centros do poder e privados da influência que tiveram no passado.

Ante esta realidade, as respostas do governo indiano oscilam entre tentativas de ocultar ou minimizar a importância do movimento naxalita, até os métodos repressivos mais sinistros. A criação de milícias paramilitares, como o “Salwa Judum”, são claros expoentes desta política.

Do blog Odio de Clase

Traduzido e publicado originalmente pelo novacultura.info


Sobre o uso de trotskistas como espiões dos japoneses na China



Mao Tse-tung, o secretário-geral do Partido Comunista da China, afirma sobre a cooperação dos japoneses com os trotskistas:

“Há pouco tempo atrás em uma das divisões do Oitavo Exército Revolucionário do Povo, um homem com o nome de Yu Shih foi exposto como membro duma organização trotskista de Xangai. Os japoneses o haviam enviado de Xangai para que ele fizesse um trabalho de espionagem no Oitavo Exército e realizar trabalhos de sabotagem. Nos distritos centrais de Hebei, os trotskistas organizaram uma ‘Companhia Partisan’ com instruções diretas do quartel-general japonês e chamaram-na de ‘Segunda Seção do Oitavo Exército’. Em março, os dois batalhões desta companhia organizaram um motim, mas estes bandidos foram cercados pelo Oitavo Exército e desarmados. Na região fronteiriça, tais pessoas foram presas pelas unidades de autodefesa camponesa que realizavam uma amarga luta contra os traidores e espiões.

Os agentes trotskistas estão sendo enviados para as Regiões da Fronteira onde eles aplicam sistematicamente todo o tipo de método em seus trabalhos de sabotagem contra a cooperação do Kuomintang e do Partido Comunista. Eles tentam destruir a moral dos soldados do Oitavo Exército, dos estudantes e dos povos das regiões fronteiriças. Eles tentam incitar as massas contra a Frente Única, contra o Governo Central, contra a guerra de independência, contra o marechal Chiang Kai-chek.”


Em uma entrevista com o jornalista soviético, R. Carmen, que atualmente está na China, Mao, reconhecido pelos japoneses como o melhor estrategista do país, declarou que as tentativas dos ingleses reacionários e outros políticos para convencer a China a abrir mão de seus planos estão destinados a serem destruídos. “A China não está apenas determinada a vencer o Japão, mas também a fortalecer a Frente Única Nacional e amplia-la. Apenas poucos elementos querem ter um entendimento com os japoneses e lutar contra o governo central anti-japonês e a Frente Única... Se não destruirmos tais elementos, então será difícil vencer os japoneses. Mas o povo chinês – e com ele os comunistas, os elementos progressistas no Kuomintang e os outros partidos – está determinado a levar a cabo a luta para uma conclusão vitoriosa”.

08/1939

Traduzido pela equipe do blog.

Original em inglês: http://www.revolutionarydemocracy.org/archive/trotskymao.htm