segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Sobre o Problema Relativo aos Quadros

Escrito por Zhu De

10 de junho de 1947

Traduzido por I.G.D.


Camarada Zhu De ao lado do Presidente Mao Tsé-tung
Atualmente, entre nossos quadros veteranos existem indivíduos semelhantes a Gorlov** que fazem um verdadeiro alarde de sua grande experiência e se sentem orgulhosos, e o presumem pelo simples fato de que possuem um histórico revolucionário de mais de vinte anos, de que libertaram inúmeras regiões e de que fortaleceram as fileiras do Partido e do exército. Mas se esqueceram de que os marxistas nunca devem se dar por satisfeitos na aprendizagem, que enquanto viverem devem continuar a aprender. A sociedade progride sem parar e, portanto, devemos ter sempre presente os ensinamentos do Presidente Mao Tsé-Tung sobre a necessidade de ‘’ nos prevenir contra a presunção e a precipitação’’, e atuar com modéstia e precaução.

Não são muitos os nossos quadros veteranos. Dos que participaram na Grande Revolução (1911) não passam de algumas centenas, e dos que participaram da Grande Marcha (1934-1936), são apenas alguns milhares. Estes camaradas são muito valiosos; a sociedade e o Partido lhes respeitam muito, mas seria perigoso se começassem a vangloriar-se de sua rica experiência, pois fechar-se-iam em si mesmos e não terão mais vontade de progredir. Se se comportam desta maneira, ficarão no atraso e sua tão merecida glória irá para debaixo da terra.

Alguns dirigentes de nossas organizações se equivocam ao considerar ainda como novos quadros os elementos que se juntaram a revolução durante a Guerra de Resistência contra o Japão (1937-1945) e que já possuem pelo menos uns dez anos de militância no Partido. Estes camaradas constituem precisamente a parte principal do nosso contingente de quadros. É necessário capacita-los como são para que tomem para si a missão de libertar toda a China. Eles, entretanto, devem estar moralmente preparados para tal missão.

Os quadros que trabalham nas zonas de vocês são dezenas de milhares, sendo algumas vezes menos outras vezes mais. As reclamações de vocês acerca da carência de quadros, apesar da presença de vocês em grande número, se deve que mentalmente vocês não sabem lidar como deveriam com o problema relativo aos quadros. Como não se promovem quadros desde a base, muitos homens de talento vegetam no anonimato. É próprio da mentalidade daqueles que ‘’ dividem tudo em partes’’ não permitir por nada deste mundo que os quadros de grande mérito passem a trabalhar em outros lugares e esperar que tais estejam mortos para exaltá-los com elogios póstumos. Os quadros devem ser treinados desde a base e não se deve esperar que sejam designados desde cima. Não devemos temer que os subalternos se rebelem para ‘’ usurpar o poder’’. Cada um de nós deve preparar substitutos, a fim de que o trabalho possa ser realizado como deve ser: o mesmo trabalho em sua ausência deve ser feito da mesma maneira que em sua presença.

Se logo após sua transferência estragar o seu trabalho, pode se afirmar que possui grande capacidade de trabalho? Basta com que cada nível de direção conte com substitutos que preencham as respectivas vagas para que não tenhamos motivos para nos preocuparmos com ausência de quadros.

Na reforma agrária, as massas, quando se levantaram, levaram ao chão certos quadros nocivos, o que é positivo, já que servirá de advertência para outros quadros. Se trata justamente da supervisão das massas. Dirigimos as massas e estas, por sua vez, exercem uma supervisão sobre nós, e só semelhante aprendizagem mútua e crítica recíproca nos permitirão progredir.

Temos que preparar um grande número de quadros. As entidades oficiais devem se simplificar ao mesmo tempo que a direção das escolas devem ser fortalecidas. É preciso conservar e capacitar em forma planificada um bom número de quadros para emprega-los no futuro quando avançarmos sobre outras regiões. Esta é uma tarefa de suma importância.

Notas:
** - Gorlov, comandante chefe de uma frente de guerra que aparece no drama soviético A Frente. É um homem vaidoso, arrogante e orgulhoso.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Os comunistas devem ser leais ao Partido (1940)

Por Chen Yun

Traduzido por I.G.D.

Camarada Chen Yun, no ano de 1958.
Há poucos dias, dois intelectuais que ingressaram recentemente ao Partido me visitaram em ocasiões diferentes. Acabavam de graduarem-se em uma escola, e logo partiram para trabalhar em outros locais. O primeiro camarada me disse: ‘’ Existem três coisas que nunca informei ao Partido. Eu preciso que você saiba antes de eu partir.’’ Então ele me falou sobre aquelas três coisas que não eram questões políticas sérias mas de qualquer forma não foram mencionadas no formulário de ingresso ao Partido. O segunda também me revelou um feito que jamais havia mencionado no seio do Partido. A fim de ganhar a vida, se alistou no Kuomintang em um momento e um lugar determinados, mas desde então, não havia assistido a nenhuma de suas reuniões nem havia recebido qualquer documento de identificação deste partido. Perguntei-lhe por que não havia dito antes ou depois de ter se incorporado ao nosso Partido. Me respondeu que estava com medo de não ser admitido ou de que não teria permissão de estudar na escola de nossa organização. Depois de revelar o que haviam ocultado no passado, ambos camaradas me disseram que estavam aliviados agora que eles expressaram tudo e que não mais possuem qualquer peso na consciência.

Ao escutá-los, pensei que por fim haviam dito a verdade antes de partirem para seus respectivos trabalhos e se comportaram honradamente diante do Partido, o qual significava um grande progresso. Eu os desculpei pela infantilidade, mas tive que dizer para eles que haviam cometido um enorme erro ao ocultar informação ao Partido. Nossa organização não permite que seus membros se comportem deste modo. Para ajudar a ambos camaradas a avisar previamente de seus erros, lhes pedi que escrevessem um informe a respeito para o Partido.

Haveriam ocultado ao Partido outros militantes, em particular aqueles que ingressaram recentemente, atos semelhantes? Aconteceram e acontecem casos semelhantes, e não são poucos.

O mais comum destes casos é o seguinte: Os novatos que ingressam ao Partido, que procedem da classe proprietária de terras ou capitalista, ou cujo pai ou irmão trabalha nos círculos políticos ou militares reacionários, não escrevem a verdade no formulário de ingresso ao Partido, e dizem que a sua família é pequeno-burguesa. Outros solicitantes, que se dedicaram a diversos ofícios sociais, não dão detalhes ao preencher os formulários, chegando até mesmo a colocar ‘’ proletário’’ como origem social, quando nunca sequer haviam trabalhado. Por que ocultam a verdade? Porque temem não ser aceitos pelo Partido ou serem discriminados em seu seio. Aqueles que apontam sua origem como ‘’ proletário’’ querem ser bem recebidos pelo Partido.

Toda ocultação é incorreta; em sua essência revela uma ideologia não proletária. Em termos mais exigentes, essas pessoas não estão qualificadas para serem comunistas, estes que se caracterizam pela sinceridade e pela franqueza. Pensaram que ocultando a verdade poderiam se incorporar ao Partido sem ser submetidos a um cuidadoso exame. Ignoram, contudo, que o Partido deve examinar atentamente a origem social e os antecedentes familiares de cada militante. Se caso um elemento esconde a verdade ao ingressar nas fileiras do Partido, será submetido a um exame e uma investigação mais rigorosos e detalhados quando for descoberto seu segredo. Aquele que oculta a verdade frente ao Partido se responsabilizará pelas consequências. Todos os membros do Partido devem saber que este julga os militantes principalmente observando sua posição política e sua atuação prática diante da causa do mesmo. O Partido está perfeitamente ciente de que não faltam revolucionários que vem de famílias ou âmbitos reacionário. Portanto, todos os militantes devem ter fé no Partido e não lhe ocultar nada, e devem aceitar de bom grado qualquer verificação que este efetue a respeito.

Por outro lado, devemos reconhecer que alguns comunistas encarregados do trabalho partidário sofrem também de certos defeitos. Ao recrutar novos militantes, só querem pessoas ‘’ puras’’. Por ‘’ pureza’’ entendem somente a juventude inexperiente. Não se atrevem a recomendar pessoas das quais possuem conexões familiares ou sociais incomuns ou intrincados antecedentes em sua folha de serviços. Como consequência, pessoas jovens e ingênuas vindas de escolas e oficinas ingressam uma atrás da outra nas fileiras do Partido, enquanto que quem já é mais velho, mais experiente, são pouco solicitados. Até houve um caso estranho em que se rechaçou a solicitação de ingresso de um pai, mesmo quando o Partido havia admitido seu filho, este último que se tornou um progressista graças a influência de seu pai. Os camaradas encarregados do trabalho do Partido não compreendem que por pureza não queremos dizer juventude com poucos contatos sociais, mas sim uma forte dedicação à luta pelo comunismo em circunstâncias complexas e instáveis.

O nosso é um Partido cujos atos correspondem à suas palavras. Somente um Partido Comunista pode proceder deste modo. Nosso Partido não permite que seus militantes digam uma coisa e façam outra e proíbe completamente que qualquer membro diga uma só mentira ao Partido. De nenhum modo devemos copiar os partidos das classes exploradoras, dos quais dão permissão a seus membros que digam mentiras para enganar o povo. Se os militantes de nosso Partido se deixassem contagiar por este hábito maléfico, não poderíamos estabelecer um clima de confiança mútua no Partido, nem unificar as vontades em seu seio, nem colocar em prática uma ferrenha disciplina. O partido deixaria de ser então um destacamento organizado do proletariado, não teria a confiança do povo e nem sequer chegaria a ser seu dirigente.

Por conseguinte, todos os militantes do Partido enfrentam o seguinte problema: se querem ser bons comunistas devem lutar consigo mesmos, trocando as ideias erradas pelas corretas. O êxito nesta luta resultará em progressos ideológicos. Se você não combate suas próprias ideias incorretas e as encoberta, estas se desenvolverão ainda mais e irão conduzi-lo pela via incorreta e por fim, ao abandono das fileiras revolucionárias. Os atos dos comunistas devem corresponder às suas palavras; isto é uma norma do Partido. O militante que a infringe estará desrespeitando a disciplina. Alguns mentirão ao Partido em uma ou outra ocasião, e depois de serem aconselhados e não mudarem de postura, e continuarem com mentiras ainda maiores; estes deverão ser expulsos do Partido sem hesitação alguma, por mais que pareçam revolucionárias suas palavras ou por mais louváveis que foram seus serviços no passado.

Muitos dos que ocultaram a verdade ou disseram mentiras ao Partido carecem de maturidade política ou são membros novos. Contudo, se infiltraram no Partido algumas pessoas com outras motivações políticas, elementos nocivos que perpetraram muitas malfeitorias, renegados, agentes inimigos e elementos hostis. Todos eles ocultam seu passado e mentem com o objetivo de minar o nosso Partido. Diferem no essencial dos comunistas imaturos já mencionados. Além disso, também existem uns poucos carreiristas que frequentemente ocultam a verdade e recorrem aos métodos de enganação para ganhar a confiança do Partido e obter postos de direção. Devemos reforçar nossa vigilância diante de todos estes elementos e não dar para eles qualquer oportunidade de sabotar a nossa causa.

domingo, 9 de agosto de 2015

Cuba e China, aliança com potencialidades infinitas!

Por Claudia Fonseca Sosa (Granma)

Traduzido por I.G.D.


Em 28 de Setembro de 1960, a República de Cuba e a República Popular da China estabeleceram relações diplomáticas. Poucos meses depois, durante a visita à nação asiática realizada pelo Comandante Ernesto Che Guevara, foram feitos os primeiros acordos bilaterais de cooperação econômica e tecnológica.

Esse primeiro contato de Che Guevara com a terra de Mao Zedong teve um grande significado para a jovem revolução caribenha, não só pela magnitude dos acordos estabelecidos, mas também porque na época Cuba já enfrentava o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos.

Com o passar dos anos e na medida em que as relações políticas entre ambas as nações ganhavam confiança e profundidade, os intercâmbios entre Cuba e China no âmbito econômico e comercial também se ampliaram.

China é hoje o segundo maior parceiro comercial do nosso país e sua participação em múltiplas esferas de desenvolvimento e da economia nacional a confirmam como um parceiro estratégico.

Desde a década de 1980, a Comissão Mista Intergovernamental para as Relações Econômicas e Comerciais vem desempenhando um papel fundamental na promoção, execução e desenvolvimento de diversos projetos, assim como na estimulação de investimento mútuo.

O trabalho em conjunto de especialistas de todos os ramos propiciou também a busca de novas formas de realização do comércio bilateral e, unido ao sistemático intercâmbio de visitas de alto nível político, permitiu que aumente o conhecimento e a compreensão mútuas.

Durante um período relativamente curto, Cuba pagou com açúcar os produtos que comprava da China. Mas desde 1999, em sintonia com as reformas aplicadas na economia e no comércio exterior da nação asiática, todas as operações mercantis entre ambos os países decorrem em moeda livremente convertível, através de créditos e mecanismos de pagamentos que fiquem de acordo com os contratantes.

Desta forma, o mercado chinês permite ao nosso país adquirir equipamentos imprescindíveis para reanimar setores da economia nacional estagnados, como o transporte, e desenvolver outros como as telecomunicações. Nas últimas décadas se obteve êxito em introduzir na China produtos cubanos de biotecnologia, rum, tabaco, açúcar, mariscos e níquel.

No âmbito dos investimentos, fica em destaque a empresa mista Biotec Pharmaceutical, fundada no Centro Internacional de Ciências da China e no Centro de Imunologia Molecular de Cuba, que se especializa na investigação, produção e venda de anticorpos monoclonais usados para o diagnóstico e tratamento do câncer, assim como no desenvolvimento, produção, registro e comercialização de vacinas e proteínas terapêuticas recombinantes com tecnologia cubana.

Outro exemplo desta relação é a entidade mista Gran Kaimán, associação entre o Grupo Eletrônico de Cuba e da Corporação de telecomunicações Grande Dragão da China, que produz equipamentos para o mercado nacional e para a América Latina.

Também destaco como experiência positiva a empresa mista Cuba-Shanghai, onde participam na construção de hotéis de luxo a Corporação Cubanacan S/A e a Companhia Sun-time Internacional da China.

Em julho de 2014, durante a visita oficial do presidente chinês Xi Jinping, a Havana, foram assinados outros 29 acordos que ampliam o alcance das relações econômicas e comerciais entre ambos os países.
Entre eles se destaca um acordo que formaliza a concessão de uma linha de crédito por parte do país asiático para a execução de um projeto de construção de um terminal com inúmeras finalidades no porto de Santiago de Cuba.

Foi afirmado também um Acordo de Financiamento entre o Banco Nacional de Cuba e a Corporação Bancária de Desenvolvimento da China, que oficializa a concessão de um crédito para a compra de equipamento com destino ao desenvolvimento de telecomunicações no arquipélago.

Não menos significativo foram os contratos que estabelecem o serviço de perfuração de poços de petróleo de até 9.000 metros de profundidade em águas cubanas, assim como a cooperação tecnológica e industrial em matéria de televisão digital.

Enquanto ao turismo, foi assinado um Entendimento entre o Grupo Empresarial Palmares e Beijing Enterprises Group para a constituição da empresa mista Bellomonte S/A, dedicada a construção e exploração de um complexo imobiliário associado a um campo de golfe em Havana.

No contexto da visita do presidente chinês a Cuba, também se inaugurou uma planta de bio sensores para a medição do nível de glicose no sangue.

‘’O alto nível das relações políticas entre Cuba e China e a amizade indestrutível entre nossos povos nos permite continuar fortalecendo uma aliança estratégica que hoje mostra importantes resultados e que possui potencialidades infinitas’’, expressou então Marino Murillo Jorge, membro do Birô Político e vice-presidente do Conselho de Ministros.

Além disso, o chefe da Comissão Permanente para a Implementação e Desenvolvimento deu um destaque especial nas colaborações no âmbito farmacêutico, onde as empresas chinesas tem sido uma fonte significativa de fornecimento para o desenvolvimento da indústria cubana de medicamentos.

Mais recentemente, durante a VIII Reunião do Grupo de Trabalho Conjunto de Biotecnologia Cuba-China, realizada no mês passado em Havana, foram assinados outros 11 acordos que abrem caminho para novos projetos de colaboração para o período 2015-2017.

Foi endossado também cartas de intenção para o estabelecimento na Zona Especial de Desenvolvimento Mariel de duas empresas mistas, uma dirigida para a produção e comercialização de biofarmacêuticos, e a outra para vacinas contra o câncer.

Foram assinados de maneira igual dois contratos para a representação e distribuição comercial de anticorpos biossimilares e de vacinas contra o pneumococo.

Foi feito o acordo de que a Empresa de Serviços Médicos começará a dar atenção para pacientes chineses em Cuba, e à introdução acelerada da vacina contra o rotavírus neste mercado e no resto da América Latina.

O Centro de Neurociências de Cuba e a Universidade da Ciência e da Tecnologia Eletrônica do gigante asiático, realizaram um pacto para a criação de um laboratório conjunto e o desenvolvimento de cinco produtos neuro tecnológicos.

São alguns exemplos de uma relação de colaboração e benefício mútuo entre países amigos, que ainda tem potencialidades para serem exploradas no contexto da atualização da economia cubana e do processo de abertura e reforma chinesas.

Os laços estreitos da amizade e da confiança política construídos em mais de meio século de intercâmbios bilaterais, vem tendo um reflexo indiscutível nos múltiplos projetos de comércio e cooperação desenvolvidos, muitos deles com um grande impacto social.

(Retirado de: http://manosfueradechina.blogspot.com.es/)