Retirado do texto "A Teoria Juche e a Revolução Coreana" do Centro de Estudos da Ideia Juche (CEIJ)
Uma das grandes polêmicas que perduram dentro do
campo das forças revolucionárias, até os dias de hoje, é o da possibilidade de
relacionar ideais nacionalistas com ideais comunistas. As revoluções de
libertação nacional, que eclodiram na Ásia e África, demonstraram empiricamente
que a Questão Nacional é o elo que liga as massas populares dos países
subjugados pelo domínio econômico e militar do imperialismo ao socialismo.
Contudo, para não gerar confusão, acredito que seja necessário distinguir os
dois tipos de nacionalismo; aquele professado pelos imperialistas, que legitima
agressões, invasões e espoliações, e o nacionalismo popular das massas de
países subjugados, que defende os interesses da nação contra os invasores e a
exploração imperialista. Em suma, trata-se de dois conceitos diferentes de
nacionalismo: o da burguesia e o das massas oprimidas.
No texto Para compreender corretamente o
Nacionalismo Kim Jong Il chama a atenção e expõem a necessidade de se
diferenciar o “verdadeiro nacionalismo” do “nacionalismo da burguesia”. Para
ele o nacionalismo burguês se manifesta como “egoísmo nacional”, “exclusivismo”
e “chauvinismo de grande potência”. Essa afirmação não é nenhuma novidade
dentro do movimento comunista internacional, mas mesmo assim alguns países
socialistas chegaram a cometer esse desvio. Para os comunistas coreanos os
grandes clássicos do marxismo-leninismo não deram respostas suficientes a
respeito do sentimento nacionalista, devido ao grande combate que a teoria
revolucionária travou contra esta ideia, isso permitiu que não se tratasse
corretamente esse aspecto da teoria. Kim Jong Il afirma que: “O nacionalismo
não está em contradição com o internacionalismo. Internacionalismo é ajuda
apoio e solidariedade entre os países e nações (...) Para dizer a verdade, um
internacionalismo à margem da nação e divorciado do nacionalismo não significa
nada.”
Outro exemplo clássico de junção de ideais
nacional-patrióticos e comunistas é o caso do Vietnã. Ho Chi Minh, um dos
maiores revolucionários da história, disse certa vez que, teria sido o
patriotismo, e não o comunismo, que o levou acreditar em Lênin e na 3ª
Internacional.
Levando em consideração que em países subjugados
pelo imperialismo, podem fazer parte do que chamamos de “massas populares”
várias classes sociais diferentes (operários, camponeses, pequena-burguesia,
burguesia nacional) é necessário que os comunistas compreendam que a sua
concepção de nacionalismo e patriotismo se difere da concepção burguesa.
Analisando o caso coreano, muitos setores da burguesia nacional acreditavam que
após a libertação da pátria, o que deveria ser feito era a restauração da velha
monarquia, ou alguns, nutrindo esperanças reformistas, acreditavam que o
caminho correto a seguir era o da construção do capitalismo. Porém, os fatos
demonstram que somente os comunistas poderiam levar a luta revolucionária do
povo coreano até o fim, defendendo um nacionalismo-popular de caráter
revolucionário.
Os países asiáticos que realizaram revoluções
socialistas e depois resistiram à queda do campo socialista não abriram mão de
seu caráter internacionalista. É um princípio de classe inerente à ideologia
comunista, mas ao mesmo tempo não podem abrir mão de seus interesses nacionais,
tendo em vista que o imperialismo ainda ameaça a independência dos povos no
mundo e principalmente a soberania desses países. Basta analisarmos o apoio que
os Estados Unidos deram, e ainda dão, aos separatistas tibetanos e Dalai Lama,
na luta pela desestabilização da República Popular da China. Lembrando que a
questão nacional se faz presente em amplos países do chamado “Terceiro Mundo” e
não somente dos países socialistas que ainda existem.
Acredito
ser necessário abordar mais um problema, que nos leva a defender a ainda
presente centralidade da questão nacional na revolução coreana. Devemos levar
em consideração que a Coréia é um país ocupado e dividido. A RPDC sofre não
somente um poderoso bloqueio econômico, mas também militar. O risco de uma
possível guerra ainda é uma realidade na vida do povo. Após o término da guerra
da Coréia, nenhum tratado de paz entre Estados Unidos e Coréia Popular foi
assinado. Incentivar o sentimento patriótico é uma maneira de estimular o
espírito das massas no combate ao imperialismo e na resolução do problema da
reunificação da pátria. O problema da reunificação da pátria só será
devidamente solucionado quando as tropas americanas deixarem o sul da
península, para que o próprio povo coreano cuide dos problemas relevantes a sua
reunificação nacional pacifica.